Apenas por pessoas de alma já formada

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Tudo de blog 2009

Tudo estava na ordem do não-planejado. A internet estava mais lenta do que de costume, minha paciência estava menor do que sempre foi e os minutos passavam mais lentamente que nunca. Cada parte pequenina da página abriu vagarosamente. Caixa de entrada, mensagens lidas, mensagens não lidas, até que estava ali o tão temido e ao mesmo tempo querido e CAPRICHOso e-mail. Não, não foi o que aconteceu. A vida não é tão bacana assim com a gente. As coisas não vêm de um jeito fácil. Você tem que correr atrás para realmente provar que quer mais do que tudo seus sonhos concretizar. No entanto, esperei. Esperei para ver se estava enganada como pensava estar realmente. (O prazo era até o dia 27, não era?) E estava. Estava realmente enganada. Fui com sede demasiada. Não tive paciência o suficiente para esperar. E justo quando havia desistido de checar aquela bendita caixa de correio, você apareceu, e-mail. Ainda assim, titubeei. Medo de ser apenas um pedido de desculpas, “participe ano que vem e quem sabe consiga”. No entanto, li, ainda que com certa relutância, e vi que, sim, faço agora parte dessa turma. Felicidade não se descreve, no entanto, tento ainda assim. Estou feliz como se um pequenino grão de areia finalmente tivesse entrado em mim, eu, a ostra. Não estou feliz pelo grão de areia, mas sim pela pérola que espero que brote de tão pequenino grão de felicidade.

posted by mente inconstante at 14:20 0 comments

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O mundo e ela

Com o mundo em suas mãos ela brincou. Não soube valorizar o que possuía e por isso o perdeu. O mundo dela fugiu, porque não podia permanecer com alguém que não sabia como dele tratar.
ela
Ela nada notou. Demorou a perceber. O mundo era muito mais do que merecia, mas era tudo que ela mesmo desconhecendo queria. Então, sentiu. Um vazio em suas mãos. Onde estava o que sem saber queria?
ele
O mundo não sentiu. Sabia que encontraria um dia alguém que lhe desse o devido valor. Mas dói não ter o que queremos. Aumenta a vontade de ter.
os dois
A vontade dos dois era intensa. Isso era certo. Mas não conseguiam se entender. Um queria demais e recebia de menos, embora desse na quantidade exata que queria também receber. Isso causava um conflito maior do que o por eles suportado. Não podiam permanecer juntos. Era muito sofrer.
até que...
Um dia o mundo achou alguém a quem pertencer. Melhor que ela? Difícil dizer. Mas ela sentiu. Agora bem mais do que antes. Não importava se era melhor ou pior. Não era ela. Só isso era importante. Apenas isso por si só já machucava. E como machucava.
um ano se passou
O mundo ainda parecia feliz. Ainda com alguém que ela desconhecia. Mas ela encontrou um sorriso, após exatamente um ano. Um sorriso a fazia feliz agora. O mundo não importava mais. Muito menos esse alguém. Diferente daquela época, ela valorizava o sorriso que agora tinha. Estava feliz, porque valorizava o que tinha agora. Ela mudou. E o mundo? O mundo feliz continuou. Cada qual com sua felicidade. Cada qual com sua ilusão.
posted by mente inconstante at 10:01 0 comments

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Transferência

Da areia que não tocou meus pés
Do sol que não senti na pele
Das árvores que não escalei
Das folhas que não vi cair
De tudo um pouco
Um pouco de tudo
Dou a ti agora um sentimento de ineditismo
Verás tudo com os olhos de quem nunca viu
Sentirás com a pele de quem nunca sentiu
Serás como um bebê, para quem tudo é novo
E esplendorosamente MAGNÍFICO
Notarás a diferença que isso fará em tua vida
Já consegues enxergar?
posted by mente inconstante at 16:15 0 comments

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Palpite

Certas pessoas notam em mim, pela minha reação, traços de meu estado de espírito que até por mim passam despercebidos. Percebem que não quero papo, que estou tímida, acanhada, preocupada com algo. Notam que estou feliz, satisfeita, reluzente. Já eu não percebo nada. Sei quando estou triste ou feliz. Isso eu sei. Mas não percebo a intensidade, nem a variação entre esses dois estados. Como será que estou agora? Alguém arrisca um palpite?
posted by mente inconstante at 15:44 0 comments

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Gosto para tudo na vida

Tenho um encontro com a ansiedade todo santo dia. Meu trabalho exige de minha pessoa não fazer nada por muito tempo, dependendo do dia, e isso me mata. Mata por dentro e engorda por fora. Eis um problema específico em mim quando fico ansiosa: como muito! Como essencialmente besteiras: doce, salgado, tudo que mais calorias possui. E isso não é bom para minha relação com a balança. Sou mulher. Que mulher gosta de engordar? Às vezes, piro com isso, não nego. Mas não entro em parafuso constantemente. Não que eu esteja satisfeita com meu corpo, mas não o odeio do jeito que está. Ainda há quem me ache bonita (nem que seja somente eu mesma) e isso por enquanto basta. Afinal, tem gosto para tudo nessa vida, não?
posted by mente inconstante at 14:57 0 comments

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Dedico-lhes um silêncio

Por que é tão difícil assim ouvir? Temos a necessidade de falar mais do que ouvir. Parece que precisamos provar que vivemos realmente. Contar o que acontece, o que nos atormenta. Falar, contar, provar, nunca ouvir. Por quê? Hoje dedico um silêncio a vocês. Digam-me: o que se passa com vocês?
posted by mente inconstante at 13:50 1 comments

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Frutas

Nunca fui muito fã de frutas. Gosto apenas de algumas poucas e boas. Mas eis aqui uma história sobre frutas. Todas as manhãs, de segunda à sexta, religiosamente, um senhor me entregava meia dúzia, às vezes até mais, de jambos. Não gosto de jambo. Mas aceitava-os, já que via nos olhos do senhor uma alegria tão generosa que me impedia de recusar. Creio que fazia bem ao senhor entregar frutas a uma jovem como eu. Sentia-se fazendo um bem à humanidade e eu sentia que fazia um bem não à humanidade, mas a ele. Então, sempre aceitava as frutas. Até que uma vez, depois de jambos e mangas, ele me trouxe pitomba. Dessa vez não aceitei e vi o rosto do senhor escurecer, não mais se iluminar. Eu não conhecia ninguém que gostasse de pitomba. A quem poderia eu depois dá-las? Mas, quando vi a expressão no rosto do senhor, arrependi-me de ter recusado. O senhor não se sentiu fazendo um bem à humanidade e nem eu fiz um bem a ele. Da próxima vez aceitarei, não importa qual seja a fruta. Algo do tipo:
- Acordei e não é que gosto de pitomba?!
Eu me sentirei bem e o senhor voltará a fazer um bem à humanidade.
posted by mente inconstante at 17:42 0 comments

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Flash-back

Estou caseira. Não aberta a visitações. Quero minha casa. Ficar reclusa (sabe-se Deus por que). Para falar a verdade, estou apaixonada pelo meu computador. Lugar onde posso fugir do mundo real e me abrigar em uma dimensão que não me exige parecer exatamente o que sou. Posso ser quem quiser, quando quiser. Sem pressão. Estou cansada de tudo. Queria saber o que fazer. Saudades de ti. Acho que você continua sendo a única pessoa que me entende. A única pessoa para quem posso me mostrar tal como sou. Vejo em ti um colo. Qual é o protocolo? Não há. Eu sei. Não temos mais contato. Já não sabemos mais qual o approach. Tanto tempo. Quantos anos nos separam. Prometi não mais fazer flash-backs, ah, mas como eles fazem uma falta em minha vida!
posted by mente inconstante at 20:36 0 comments

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Surpresa

Você resolveu me fazer uma surpresa: preparar uma refeição a mim. Logo eu que nunca te fiz nada, nem um miojo meio cru (sou péssima na cozinha). Mas a surpresa, por mais bem intencionada que fosse, não ocorreu. Não porque eu não gosto de salada, nem bacalhau, nem porque prefiro sobremesa à comida de verdade, mas porque cheguei mais cedo em casa do que esperava. Quem acabou sendo surpreendido foi você.

Sei que tem raiva quando faço isso. Exponho nossas intimidades para o mundo inteiro ler (pretensão minha e sua pensar que o mundo inteiro lê as besteiras que escrevo. Não, amor, não estou chamando nossas intimidades de besteiras ¬¬), mas você sabe o quanto fico mal-humorada quando não escrevo, então o que prefere? Uma namorada mal-humorada ou intimidades nem tão íntimas assim expostas à meia dúzia de pessoas? Pois bem, continuando.

Ver sua cara de decepção, ao me ver entrar por aquela porta, me quebrou o coração, mesmo sem saber o porquê de tamanha expressão. Sorte sua eu não ser do tipo insegura e pensar imediatamente que sua decepção era porque estava a uma mulher esperar. Não sou insegura, mas sou do tipo preocupada.
.
- O que foi amor? Que cara é essa?
- Estava cozinhando para ti. Ia te fazer uma surpresa. Mas, surpresa! Quem me surpreendeu foi você.
- Quer que eu volte depois?
- Não, agora fica. Mas não me ajuda, está bem? Só olha.
.
E te obedeci. Orgulhosa, fiquei ali, parada, te observando e pensando o porquê de ter alguém tão perfeito assim em minha vida. O que teria feito eu de tão bom assim ao Universo? Nem te disse que não gostava de bacalhau, nem da salada que com tanta perfeição você arrumava (preparar uma salada tem toda uma arquitetura, vocês já perceberam?). Não, comi tudo como se estivesse amando aquele gosto, quando na verdade o que amava era você. O que me fez lembrar do dia em que nos conhecemos. Você, como cão carente, me olhando com aqueles olhos de “me adota?”. Derreti-me. Logo cara de cão você fez (Tenho 3 cães em casa lembra?)!? Se tivesse feito cara de gato, talvez, quem sabe, nem teria comido bacalhau e salada!? Mas que bom que comi bacalhau e salada ontem.
.
P.S. Isso não foi verdade. Não aconteceu realmente. Foi apenas um sonho. Um delírio de uma mente inconstante. Sonho. Pois bem. Sonhei contigo, amor, ontem. E até delirei por alguma fração de segundos que você realmente não morava tão longe assim de meu mundo. Como queria trocar minha realidade por minhas fantasias!
posted by mente inconstante at 15:34 0 comments

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A menina e os livros

Menina nunca fora muito de ler. Embora gostasse bastante de escrever. Desconhecia grandes autores. Não tinha muita paciência para grandes louvores. Isso era o que pensava. Em um dia de sol quente à flor da pele, entrou em uma livraria. Acordara com vontade de comprar um livro. Não sabia se o leria, mas tentaria ainda assim. Surpresa. Não comprou apenas um, mas três livros. Quanto prejuízo! Gastara muito com livros que de certo nem leria. Equívoco. Não só leu, como muito gostou. Menina descobrira que não havia conhecido os autores certos. Que não havia descoberto livros similares a ela que despertavam ainda mais a vontade nela latente de sempre escrever. Como eram fabulosas: Martha Medeiros e Clarice Lispector. Rubem Alves. Seu Alves e suas duas mulheres. E o sol? Deu lugar à chuva. Até mesmo o tempo emocionou-se com o milagre que acontecera na vida da jovem moça. Menina aprendera a gostar de ler. Agora podia se imaginar velhinha, sentada em uma senil cadeira de balanço, lendo em voz alta para seus netos seus livros favoritos e por ela muito lidos.
posted by mente inconstante at 13:42 0 comments