Apenas por pessoas de alma já formada

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nossa música

Nossa música. A mais improvável de todas. Aquela que eu sempre gostei, mas nunca desconfiei que você também gostasse. E gosta! Por que estaria em sua lista de reprodução se odiasse? Talvez, fosse só para me impressionar. Não, mas você não é assim. E é isso que eu admiro em você. Você não é nem um pouco convencional. Sempre me surpreende, embora a surpresa dessa vez tenha vindo do normal e não do estranho tão presente em você. Ah, lembro da sua dança ao ouvir nossa música e o sorriso vem automático ao rosto. Você estava tão lindo! Cada surpresa me aproxima ainda mais de você, embora você continue sem entender o porquê de eu ter me apaixonado por alguém tão diferente assim de mim. Ah, querido, deixa eu lhe falar baixinho um segredo que todos sabem, assim como você: os opostos se atraem. Por que você não cede logo, então, a essa conhecida regra?
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- Porque a gente não manda no coração, V.
- Sim, eu sei. Mas com seria bom se mandássemos, não?
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domingo, 25 de julho de 2010

Platônico

Você não sabe, mas eu penso muito em você, mesmo depois de passarmos tanto tempo assim distantes. Você não sabe, mas quando estou lá é principalmente por você. Para ver pedaços de ti que me alegram. Peças de meu céu particular. Você não sabe, porque finjo não te ver. Finjo que não me importo. E gasto horrores comprando coisas que não são a mim tão necessárias, só para não parecer uma boba por entrar lá, ficar horas e sair com as mãos vazias. Mãos que podem até sair sem nada, mas o peito, ah, esse sai tão cheio de alegria por simplesmente ter te visto. E quando me rondou, olhou em meus olhos e mostrou interesse, eu saí assustada, correndo com desespero para a terra segura onde você não me nota e eu só te observo.
Eu só te observo.
Desculpa, amor, por não saber ser mais uma de suas fãs que gritam teu nome, sorriem nervosamente e fazem de tudo para puxar papo, só por você ter essa carinha linda de bebê.
Você não sabe, mas queria tanto que soubesse.
"Deixa eu dizer que te amo. Deixa eu gostar de você. Isso me acalma, me acolhe a alma, isso me ajuda a viver."
Tem coisa mais gostosa do que estar apaixonada? E mais brega também? Rsrs e eu nunca nem falei com você.
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domingo, 18 de julho de 2010

Grand finale

- Eu estou na frente da sua casa. Será que a gente podia conversar? - eu olhei pela janela da frente. O Alexandre realmente estava lá. Não se encontrava apenas do outro lado da linha no celular em minhas mãos. Ele estava na frente da minha casa! Ele já tinha visto o carro do Fernando, então. Provavelmente teria batido direto na porta, mas achou melhor avisar, após notar que eu não estava sozinha. Não havia como fugir. Eu o deixei entrar, sem me preocupar em esconder o Fê, embora fosse exatamente o que eu queria ter feito.
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- Será que eu podia conversar com ela a sós? - o Alê perguntou para o Fernando e eu pude sentir o quanto aquela inversão de papéis estava sendo difícil para ele.
- Claro. - o Fê respondeu. - Eu te ligo depois. - ele me disse e partiu, dando-me um beijo na bochecha. Quando o som de seu carro se distanciou, o Alê olhou bem no fundo dos meus olhos e perguntou:
- Por que o Fernando, V? - o jeito como suas palavras foram ditas cravaram meu coração como espinhos grossos demais perfurando minha frágil pele. Eu odiava vê-lo naquela situação. O que foi que eu fiz?
- Não foi nada planejado. Nós havíamos bebido demais.
- Vocês estão lúcidos agora. - mais espinhos jogados em mim. Outch! Acho que mereci. Fui sincera, era o mínimo que eu podia fazer naquele momento.
- É, e esse é o problema, Alê. É que foi bom. - eu olhei nos seus olhos ao dizer isso e vi a pergunta se formar em seu rosto:"melhor do que com a gente?", e minha resposta pesada: "você sabe que sim".
- A gente não controla química, não é? - ele disse pesaroso.
- Mas controla com quem a gente deixa ou não de ficar. Eu sou a errada em toda essa situação, Alê. Desculpa? Você nunca vai me perdoar, não é?
- Vocês vão ficar juntos?
- Isso vai influenciar seu perdão?
- Não, porque não há o que perdoar, V. Eu só não sei se eu vou conseguir conviver com isso. Vocês, dois, juntos.
- Você ainda gosta de mim?
- Claro que sim.
- Mas só como amigos?
Ele ficou calado. Não respondeu. Minha pergunta soou como uma afirmação.
- Foi realmente tão bom? - ele queria que eu dissesse mais detalhes?
- Eu não quero falar sobre isso. - não caí em sua armadilha.
- É, nem eu quero ouvir.
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Nós sentamos no sofá da minha sala de estar. Um ao lado do outro. Nós não tínhamos sentado durante todo esse diálogo. Estava passando um filme que amávamos, quando ligamos a TV:
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- Jimmy Bolha! - exclamei com empolgação.
- É um dos meus filmes favoritos. - ele comentou.
- Sim, eu sei. - eu sabia tudo sobre ele. Éramos amigos antes de tudo.
- Do Fernando também. - ele me olhou por alguns segundos, depois pegou seu celular. Nossas ideias se cruzaram. - Fernando? É o Alexandre. A gente tá precisando de pipoca. Lembra de Jimmy Bolha? Eu e a V estamos assistindo. Chega mais. - e foi o que fez. O Fernando chegou. Nós passamos a tarde juntos. Nós três. O Alê não existe. Ele nos perdoou.
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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Reação

O medo da reação do Alê me fez esquecer de lhes dizer aqui (desculpem-me), mas, sim, foi bom. Foi realmente muito bom ficar com o Fernando! E embora eu ainda guardasse sentimentos pelo Alê, eu sabia que nós dois não tínhamos um futuro e que outra pessoa, mais cedo ou mais tarde, apareceria em minha vida para me fazer esquecê-lo. Eu só não esperava que fosse o melhor amigo do Alexandre. Eu entenderia se o Alexandre não quisesse nunca mais olhar na minha cara.
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- Você não gostou de ter ficado comigo, tanto quanto eu gostei. – O Fernando concluiu, depois de meu silêncio. Pois concluiu errado. Eu não sentia os arrepios que seu beijo me causou há muito tempo. Já tinha me esquecido como era me sentir assim.
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- Não. Você está enganado. Eu adorei. – minha vontade era usar a palavra “amei” ao invés de “adorei".
- Sério? – ele não parecia acreditar.
- Sério, mas essa situação é no mínimo estranha. Eu gostei do Alê por muito tempo, Fê. Tanto que ainda guardo um carinho gigantesco por ele.
- Você o ama?
- Nunca foi amor.
- Mas foi forte.
Não respondi.
- Eu posso conviver com um carinho gigantesco. – ele disse, depois de refletir por um tempo.
- Mas ele pode? – eu não perguntava apenas para o Fernando. Questionava também a mim mesma. Será que o Alê conseguiria conviver com o Fernando e eu juntos?
- Você pode? – o Fernando definitivamente não parecia preocupado com o Alê.
- Posso, se todos nós pudermos.
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Eu parei para pensar melhor em toda aquela situação. Era pedir demais do Alê sem dúvida. Smack. Enquanto estava mergulhada em minhas indagações, o Fernando me pegou desprevenida. Ele me beijou. Nós perdemos a hora. Como seu beijo era bom! Triiiimm. Meu celular tocou. Era o Alê.
(continua)
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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ressaca

Ele me magoara. Meu coração fora partido e o que a gente faz com raiva nas veias? Essa mesma raiva que me enlouquece e que corre rápido, fazendo o sangue subir à cabeça. Eu não raciocinei. Sei somente agora a dimensão de meus atos, porque não estou mais tonta. Já me sinto capaz de analisar corretamente as conseqüências do que faço. Do que fiz. A bomba vai explodir a qualquer momento e o medo de sua reação já rege minhas emoções. Meu Deus, o que faço? Quais serão seus pensamentos? Mas ele já está com outra, então não deverá sentir. Tento inutilmente me iludir. É claro que se importará. Talvez, perdoe seu melhor amigo, mas a mim não. Jamais terei seu perdão. Agora é tarde demais. Não há como voltar no tempo. Eu preciso, Dio mio, relaxar. Jovem morre de ataque cardíaco fulminante. Já vejo até meu retrato no jornal.
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- Eu contei a ele. – o Fernando me confidencia sem mais delongas.
- Você o quê?? – o ataque cardíaco parece se aproximar cada vez mais rápido.
- Deduzi que seria melhor assim. Que ele soubesse por nós e não pelos outros.
- E o que ele falou? – eu não o questionei: “Não! Por quê? Você não deveria ter feito isso.” Já estava feito. Não tinha como voltar ao passado e mudar. "O que ele falou?", foi só o que eu perguntei.
- Inicialmente nada.
- Peraí. – interrompi-o apreensiva. – O que você disse?
- Disse que eu e você nos esbarramos no Malauí e que acabamos ficando. Eu disse que não foi nada planejado, mas que eu gostei e que, embora eu não tivesse conversado com você ainda, eu realmente queria repetir a dose. Disse também que não é só curtição. Que eu te respeito muito. Que você é uma garota muito especial e que eu queria saber a opinião dele a respeito.
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Inicialmente fiquei sem palavras. Depois, consegui com esforço perguntar:
- Você disse tudo... isso?
- Por que não?
- E ele não falou nada? – indaguei incrédula.
- De cara não. Depois, ele perguntou o que você achava de tudo isso. Eu repeti que ainda não havíamos conversado desde então, mas foi bom, V. Não foi? – e eu vi, naquele ponto em diante, que o relato acabara, agora era a nossa vez. O que será de nós? Há um nós agora?
(continua)
posted by mente inconstante at 12:40 4 comments

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Não-nada-zero-nem-um-pouco-acredite-nem-um-pouco-sóbria

Eu estava meio alta. Ele, provavelmente, notou meu estado de imediato, mas, antes das explicações, vamos aos fatos. Ao porquê de eu ter bebido todas naquela noite.
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Eu estava irritada. O sumiço do Alê me incomodava. Não saber qual o motivo de seu desaparecimento era o que, na verdade, mais me desagradava. Por isso, bebi mais que o normal naquela noite. (Eu, normalmente, NUNCA bebia, mas nas cenas de filmes, novelas, reality shows etc, quando alguém quer afogar as mágoas é sempre essa a solução, então eu resolvi fazer da bebida a minha solução também.)
Poucas horas antes de ir de encontro à minha solução (um bar com muita bebida), a situação piorou. Eu descobri o motivo do sumiço do Alê: ele estava com alguém. Na verdade, eu não descobri. Apenas aumentei minhas desconfianças (que já andavam bem grandes) e como intuição feminina é uma droga viciante que raras vezes erra. Daí minha atitude naquela noite. Eu afoguei todas minhas desconfianças naquele bar. Droga de coração! Burro, burro, burro! E foi lá, em uma mesa de bar, que eu o encontrei. Não o Alê. O amigo dele: Fernando. Ele provavelmente notou meu estado de imediato. Eu estava alegre demais para alguém sóbria.
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- Ele disse que não gostou do seu beijo.
- O Alê disse que eu beijo mal?? – eu distorci suas palavras.
- Ele não chegou a dizer isso... – mas deu a entender, não deu? Eu fiquei calada. Não pude dizer nada. Eu também não tinha gostado do nosso beijo. – Você não vai falar nada em sua defesa? – o Fernando parecia querer que eu o provasse do contrário. "Um beijo para me fazer acreditar que ele estava mentindo", eu quase pude ouvir de seus lábios. Talvez, fosse apenas impressão. Impressão de bêbada não conta. Ou será que conta?
- Dizer o quê? Eu também não gostei, mas eu sou chata com beijo, então... – eu não dei um beijo nele para prová-lo do contrário, nem disse nada em minha defesa também. Apenas terminei minha sentença com o que, talvez se estivesse sóbria, não teria dito. – São poucos os beijos que me tiraram o fôlego e os que tiraram viraram todos namorados. Talvez, eu beije mal mesmo. Mas eu tenho uma teoria.
- Que teoria? – ele parecia realmente interessado. E a minha diarréia verbal continuava. Eu não estava editando nada.
- Rostos pequenos, delicados demais, nunca me deram beijos de tirar o fôlego. – ele pareceu intrigado com a teoria nunca dita em voz alta antes. Foi quando a lentidão de meu estado me fez perceber que o Fernando tinha um rosto pequeno e delicado demais. Pequeno como o do Alê, porém bem mais delicado. (O Alê não tem um rosto delicado.) E assim, de repente, a situação se inverteu. Agora, era ele que parecia querer me convencer do contrário. Ele deu um longo olhar na minha direção e, quando ele mesmo percebeu seu corpo se inclinando em direção ao meu, parou, olhando compenetradamente para a garrafa de cerva em suas mãos. A conversa fluía melhor com ele do que com o Alê. Isso mesmo. Eu lembrei do Alê naquele momento. Acho que ele também um pouco antes de olhar compenetradamente para a garrafa em suas mãos. Eu voltei para o assunto que me fez beber demais:
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- Ele está saindo com alguém, não está? – o Fernando não respondeu minha pergunta, mas seus olhos pesarosos, sim. – Não precisa responder. – eu não queria ouvir a confirmação do que seus olhos já haviam me dito em silêncio. E de repente eu me vi querendo que ele me convencesse do contrário. Convencesse meu lábios que eu estava realmente errada em relação a beijos de rostos pequenos como o seu. Essa narração pode parecer confusa, mas minhas memórias estão exatamente assim, meio distorcidas. E creio que não possa fazer milagre, dando sentido a uma narração que nem a mim faz muito sentido. É um pulo. De um sentimento ao outro. O álcool distorcendo tudo. A verdade é que o Fernando era um fofo e bonito também. Eu já o achava bonito sóbria. Bêbada, então, ele devia parecer um deus greco-romano-íbero-europeu, um misto de tudo. Ele sabia manter uma conversa. Era inteligente. Tinha os traços no rosto bonitos. Só tinha um defeito: era amigo da pessoa errada. Ele era amigo do Alê. Que situação estranha seria. Se bem que o Alê parece já estar em outra (ou melhor, com outra). Só o meu coração que não estava bem com toda aquela situação. Não seria justo. Se eu tivesse cedido naquela noite, não seria nem um pouco justo com o Fernando. Eu só ficaria com ele por raiva do Alê ter encontrado a felicidade em outros braços que não o meu. Não seria justo. Se eu não estivesse bêbada, eu teria construído esse raciocínio fácil, mas eu estava bêbada, então raciocinar foi a última coisa que eu fiz.
(continua)
posted by mente inconstante at 14:00 4 comments