Apenas por pessoas de alma já formada

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Presente

Pego minha mochila surrada. Não me importo com sua sujeira ou com seu tecido rasgado. Passo sua alça por cima de um de meus ombros e nem sequer percebo que os cadarços de meus tênis estão desamarrados. Bato a porta da frente, desço as escadas. Um, dois, três, quatro. Meus cabelos soltos. Acho melhor amarrá-los. Quando abro as portas do condomínio, meus olhos por reflexo se fecham. Sol forte demais para meus frágeis olhos. Droga! Que falta faz um óculos escuro agora. Por que diabos fui quebrar o meu? Já posso até ver meus olhos cheios de pés de galinha em um futuro bem próximo. Caminho em direção à parada de ônibus. O dia está claro, tão bom para uma praia! Tentação passa pela cabeça, mas não se aloja. Preciso manter o foco. Vejo pessoas no ônibus, arrumadas para irem a seus respectivos trabalhos, mas sei o que se passa por suas cabeças. Exatamente o que se passa pela minha: praia. Vontade de libertar-nos de nossos cotidianos para presentear-nos com um pouco de diversão, por favor. Todos anseiam por uma quebra de rotina. Eu, inclusive. Volto meus pensamentos para meu objetivo-mor. Desço daquele transporte coletivo e vejo sua casa. Uso as chaves roubadas de seu lar e abro os portões. Não entro em sua residência, porque não há necessidade. Permaneço no jardim. Pego na bolsa meu celular e ligo para a empresa que contratei, autorizando-os a virem. “Já podem chegar.” Sento no gramado com as pernas cruzadas, meus braços abraçando-as descompromissadamente. Aguardo ansiosa a chegada da equipe. Até que a campainha toca. São eles. Deixo-os entrar e eles fazem tudo como planejado. Deixam-no na garagem com uma grande fita vermelha em cima. As horas se passam. Volto a sentar no gramado com as pernas cruzadas, mas meus braços agora diferentemente da posição anterior, apóiam meu corpo. Este mesmo corpo que se inclina para trás para vê-lo melhor. O laço vermelho certamente dá outro impacto. Ele, então, chega e olha a surpresa extasiado. Eu levanto as pressas e, por fim, digo, feliz com sua reação (foi exatamente como previ, valeu o esforço):
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- Nosso primeiro carro, meu amor.
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posted by mente inconstante at 18:10

1 Comments:

Ain que fofo! Ela teve um trabalhão e tudo deu certo no final! *-* Adorei!

bjus

8 de agosto de 2010 às 00:27  

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