Apenas por pessoas de alma já formada

sábado, 11 de setembro de 2010

Luto

Matei meu anjo essa noite e em meus pesadelos diários eu voltaria a repetir o mesmo ato por semanas. Não houve dor ao arrancar as penas de suas asas, no entanto houve intenso pesar dentro de mim. Ele não voará mais ao meu redor, protegendo-me dos males do mundo. Não ouvirei seus cantos ou sentirei seu doce perfume. Sua energia vital já havia partido. Ele já não era mais o mesmo. Seus olhos, cegos. Sua pele, deteriorada. Era apenas seu corpo preso ainda a esse mundo, mas doeu ainda assim. Esperei seu último suspiro, como se fosse o meu último também. Observei seu peito subir e descer devagar, perdendo aos poucos a imensa força que sempre teve. Sempre tão forte, meu doce anjo! Eu o assassinei para livrá-lo da dor. Só não contava com a minha própria. Eu lhe amava muito e sinto culpa agora. A culpa do "se" instalou-se em mim. "Se" tivesse sido diferente, você ainda estaria entre nós? Protegendo-me como sempre fez? A terra depositada sobre seu corpo foi irrigada por minhas lágrimas salgadas. Eu chorava pelo pedacinho de meu coração enterrado junto de meu anjo protetor. Sal da culpa e do amor perdido. E a sólida rocha que permanecia ao meu lado se rachou. Nada é eterno, pedra rochosa, e ninguém dura para sempre em vida. Nem mesmo os querubins. Desculpa se falhei com você, meu querido querubim. Apenas um último adeus neste momento fúnebre. Digo-lhe sinceramente, esperando que possas ouvir, esteja onde estiver:
.
- Eu te amei muito, anjo meu.
.

Marcadores:

posted by mente inconstante at 13:30

2 Comments:

Estou sem palavras...
Simplesmente, fabuloso!!!
*-*

Bjs

11 de setembro de 2010 às 15:40  

UAU!
Mais um de seus textos que me deixam sem saber como me expressar!

BJão

Incrível > talvez seja essa a palavra

12 de setembro de 2010 às 20:12  

Postar um comentário

<< Home