Apenas por pessoas de alma já formada

segunda-feira, 28 de março de 2011

Impossível

Sonho com o que não posso ter. Que você tivesse um cantinho só seu. Um carro também. Que um dia eu mentisse para meus pais e não tivesse hora para voltar. Vou dormir na casa de uma amiga que significaria na verdade: vou dormir com você. E seria tudo como sempre sonhei. Passaríamos horas trocando carícias, antes, depois e durante. Faríamos um lanche na madrugada. Aninhados um no outro, difícil distinguir. No apartamento apertado você não teria espaço para fugir, e mesmo que escapasse não seria por muito tempo. Eu iria à tua caça. Brincadeira de casados, agindo ainda como namorados. Tão fácil é sonhar quando envolve seus lábios, braços, beijos e abraços. Seus, sempre seus. Vê? Você não sai de minhas palavras. Nem por aqui me abandona.
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quinta-feira, 24 de março de 2011

O que há?

Enquanto o que você quer é me ter por inteira, eu desejo apenas o toque suave da sua pele. Não precisa ser forte, como você faz, quase me atacando. Nesse ritmo é compreensível que acabe rápido demais. Partimos sempre para os finalmente. Nem lembro quando foi a última vez que dissemos "tudo bem com você?" e realmente interpretamos a resposta. A automaticidade do ato tornou nossos encontros impessoais. Nós que nos comovíamos com o menor toque que pudéssemos trocar sem que ninguém percebesse. Pequenos carinhos já não importam. Parece que nunca importaram. Queria deitar no seu colo e dizer olhando em seus olhos como foi o meu dia. Como foi o seu? Dói tanto saber que você leva uma vida inteira longe da minha consciência e que os outros sabem mais que eu, mesmo que eu e você nos encontremos bem mais do que você com eles. Não há justiça nisso. O que há?
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segunda-feira, 21 de março de 2011

Obrigada

Queria te agradecer por ter me dado um sentido novo, ainda que não estejas mais ao meu lado. Queria que soubesses que foi por ti que levantei cedo, só para deixar o cabelo bonito. Que foi por ti que me interessei em maneiras novas de me vestir. Queria que soubesses que tu foste o motivo da minha mudança de humor. Que era por ti que eu aguardava ansiosamente o dia seguinte e que nada teria mudado tanto se tu não tivesses entrado em minha vida, mesmo que apenas por um dia.

obrigada a todos os comentários solidários deixados por vocês nessas duas últimas semanas. não acredito que só se passaram quinze dias desde que. a saudade que ele deixou em mim faz com que tudo pareça mais longo. maior. sinto como se já fizesse um ano. a falta da presença dele em meu cotidiano é grande e as lágrimas insistem em brotar vez ou outra. mas sigo, olhando constantemente para trás mas sigo. enquanto puder.

rebeca, melina, ceci, milena e vivian, meu muito obrigada pelas palavras de conforto. :)
posted by mente inconstante at 18:15 5 comments

sexta-feira, 18 de março de 2011

Too little, too late

Ok. Já que você não acredita nos meus atos, talvez no que eu escrevo fique mais fácil compreender que pele a gente não explica e a sensação que o teu beijo provocou em mim foi boa demais para esquecer. Somada ao carinho que eu comecei a nutrir por você nesses últimos meses, não ficar perto quando dou por sua presença é pedir demais de mim que sou tão fraca perante. Perante o quê? Ah, não me faça essa pergunta. Sabe que, embora eu sinta, não sei ao certo o que exatamente você significa tanto para mim. Vou sair daqui descuidada, andar descalça, sem olhar para os lados ao atravessar a rua, porque não importa o quanto eu esteja feliz; você, com seu jeito sutil de me dar um fora, sempre consegue estragar todo o meu bom-humor. Cadê? Ele estava aqui, não só ao meu lado, como dentro de mim. E fica feio continuar com essa investida já dada como fracassada, já que as possibilidades são quase nulas, mas meu corpo não obedece meus comandos. Para variar, quando mais preciso dele. Podem rir, apontar os dedos juízes na minha direção, nada me incomoda tanto quanto o que ganho de você todos os dias. Esse seu sorriso amigo que consegue o impossível: dizer ao mesmo tempo eu te amo, mas não quero nada com você.
eis o ínicio de nossa relação. finita. você está em outra dimensão agora. e o que sobrou fui eu. largada na sarjeta da vida. aqui. texto perdido resgatado do passado para o presente. que presente? irônica palavra. depressão. já não sei o que faço. ou escrevo. câmbio. desligo. des-ligar. não consigo. desligamento da alma. amor. amor.
posted by mente inconstante at 14:34 3 comments

sábado, 12 de março de 2011

Nada

Uma vez, encontrei um pássaro em meu caminho. Estava deitado sobre o chão, sem vida. Não estava sozinho. Outro pássaro o fazia companhia, embora vivo. Sim, vivo, ele fitava seu amigo amor amante irmão que fosse. E só faltavam as lágrimas escorrendo de seus olhos para que a tristeza em seu rosto se completasse. E lembro-me de ter parado ali também, porque a cena me comoveu tanto! Meu deus, era só um animal, sentindo realmente a morte de seu companheiro? Mesmo não sabendo exatamente o que o pássaro poderia estar sentindo além de tristeza (eu nunca havia perdido alguém para a morte), continuei ali admirando a cena. Observando um animal tão pequeno sentindo uma dor tão grande. Como?

nada

nada

nada

nada

nada

além de dor

vazio
Muito se passou desde essa cena. Nunca pensei que esse dia chegaria. Que eu estaria aqui tentando com tanta dificuldade descrever como um coração pode ser despedaçado em mil pequenas partes. E muito menos que você, meu amor, seria o primeiro de minha dolorosa lista. É com imenso pesar que hoje, dia 5 de março de 2011, para minha completa e total dor, anuncio: perdi a primeira batalha da minha vida para ela, a morte, e sei, agora sei, exatamente o que ele, aquele pequeno ser parado em minha frente, sentia. Ah, meu passarinho, é um vazio, não é?, que jamais será preenchido pela ausência de quem nunca mais nos fará companhia. É saber que só poderemos viver de lembranças, porque o amanhã não será mais possível. Henry, meu amor (não convem mais esconder nomes), sempre nos chamamos de amigos, irmãos, nunca de amores, amantes. Nossa história, sempre disse e repito, era constantemente interrompida. Nunca começávamos o que podíamos e queríamos. Nosso conto era sempre detido por uma força maior da qual não tínhamos o menor controle. (Não há mais amanhã, nunca houve, pessoas, o amanhã nunca houve, nem existirá mais para nós, meu amor.) Mais uma vez, essa força nos deu uma rasteira, só que dessa vez fatal. Não foi apenas um intervalo. Foi um fim. Para o que nem sequer começou. E eu não vou mais te ouvir me chamar de Vanessinha numa segunda-feira para você sempre alegre porque para você não havia um mau dia. Nem má pessoa. Você nunca via o mal em nada, nem ninguém. Por que coisas ruins acontecem com pessoas tão boas? É mesmo o que dizem não é? Que os bons se vão cedo e agora quem tem que ir sou eu. Não consigo mais conter as lágrimas, meus dedos tremem. Preciso me despedir nesse exato momento para partir em direção à minha cama nunca tão vazia sem você nela! Shalom, meu amor, shalom é tudo o que eu lhe digo, já me despedindo, embora o “adeus” temo que seja cedo. Não consigo dizê-lo ainda. Shalom, Henry. Onde quer que você esteja, você já faz parte de mim e isso ninguém poderá tirar. E eu sempre vou pensar na próxima quinta-feira (logo depois do carnaval, lembra?) que para nós nunca mais virá. Como a vida é breve! Como “em uma semana nos vemos” pode ter virado “nunca mais”? Um “para sempre” nos separa agora. Não somos nada nessa vida, fora o que fazemos. A vida é breve e em um instante acaba. E ainda voltarei aqui, amor, para escrever mais sobre você, porque sei que por um bom tempo a única coisa que me fará sentir menos o buraco negro no meio do peito é escrever sobre você. Sobre um nós que nunca se perpetuará, exceto em minhas lembranças doces de nossos momentos juntos. Dói, amor, dói muito saber que eu nunca mais tocarei suas mãos ou poderei te contar minhas mais bobas novidades. Não há nada de novo por aqui que possa superar... superar...
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segunda-feira, 7 de março de 2011

Antes

Você nunca me amará. Eu não existo. Sou o personagem dentro do personagem e estou fascinada demais com o mundo do qual tenho absoluto controle para me atrever a sair. Você nunca me amará porque eu não sou. Eu penso. E tu teres vindo me machuca, porque é apenas uma amostra do que não posso ter todos os dias e do que ando perdendo sem você ao meu lado. Deste um tapa e lateja até agora a dor do que não perdi. Nunca tive. Não sei viver. É como digitar neste teclado. O ato já condicionado me permite fazê-lo sem olhar para as letras já apagadas; mas quando o faço pareço insegura, esperando que o erro inevitável logo chegue. Não chega. E desabo em lágrimas e só então percebo que meu corpo me deixa fraca, porque meu coração já está falecendo. Meu coração debilita meu corpo porque já não consegue lidar com tanto sofrimento sozinho. Eis a explicação da doença que me deixa de cama, pela contagem, já há três dias. E não passa. Meu medo é de que nunca chegue a passar. E tomo banhos e mais banhos tentando limpá-lo de mim. Não consigo. Parece que nunca é suficiente. E a música que já era nossa sem nem mesmo você saber, ah, agora a odeio. E tu não tens a mínima noção da roubada em que te meteste. Não sou das melhores a mais perfeita. Estou longe da perfeição. E me recomponho. Limpo as lágrimas que na verdade nunca me sujaram. Varrem a tristeza para fora de mim. Em um minuto, já estou melhor. Respiro fundo e viro a página, embora a trama nunca mude. Sei que não vens nesse exato instante, porque é quando mais te quero ao meu lado que desapareces assim. E tu alegras meu dia como a minha canção favorita. Queria te agradecer, coisa que nunca fiz. Confesso. Sempre desvalorizei o que significas para mim, mas torno agora palpável a declaração: és uma das únicas pessoas nessa vida com quem realmente posso contar fora da minha família. Não sei se o valor é justo. Talvez não tamanho. Por que conténs a lágrima que percorre meu rosto? Deixe que invada. Não queres que fique visível a mágoa que provocaste em mim? Limpar minhas lágrimas não esconderá a dor. Sei que tenho que acordar amanhã e seguir o roteiro de todos os meus dias. Já estou conformada. Um dia tudo há de mudar. Essa fase árdua é apenas transição para a época inesquecível de minha vida. Mas por enquanto ir dormir sem um estímulo maior torna impossível minha resignação. Preciso de um ar novo. Não há mais fôlego por aqui. Quero alguém que não parta, o que é impossível. Eles sempre partem. Nós também.
e você me ligou nos acréscimos do segundo tempo, eu já estava quase dormindo, mas valeu porque você me deu o fôlego que eu tanto precisava naquela noite de quinta, quando escrevi esse texto. Você não sabia, mas acordei na manhã de sexta mais determinada, por tua causa, para ver você, você que eu nunca mais verei. Um dia depois e você já não estava mais entre a gente. Já havia nos deixado nesse mundo cinza, que é assim sem você nele. Sábado só restou eu e as lágrimas da ferida aberta que tua morte provocou em mim. LUTO. Nunca haverá carnaval mais triste. Você faz parte de uma estatística agora. Acidentes de carnaval. Ainda não existo nesses dias para externar o que aconteceu. DOR. NEGAÇÃO. Não acredito que nunca mais te verei, meu querido amor. Teus beijos já se eternizaram em mim. DOR. PARTIR. O que eu faço agora sem você aqui?

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quinta-feira, 3 de março de 2011

Farewell

Estou deixando a geladeira cheia. Vê se não se esquece de se alimentar. Já anda magro demais. E lembra também de por o lixo para fora. Não quero que divida este apartamento com meia dúzia de baratas. Por mais sozinho que esteja, elas não te merecem. Há também a correspondência. Não vá deixar de pagar nenhuma conta. Largue o romantismo. Ponha-o de lado. Luz de vela não é desculpa para corte de energia algum. Quanto à saudade, nisso eu não posso lhe ajudar. Nem saí desse apartamento e ela já está ao meu lado. Vê? Eu nunca soube lidar com ela. Mal de quem ama demais.
posted by mente inconstante at 10:00 3 comments