Apenas por pessoas de alma já formada

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Na dela

Já é tarde. Nós voltamos para meu apartamento. Não sei como devo me comportar. Tenho a impressão de que ele vai de novo me abandonar a qualquer momento. Tento voltar a dormir. Ele me impede. Ronca alto. Ah, Alê, você ainda não correu atrás de um médico para tentar curar essa apnéia? Levanto da cama, mas um braço me impede. A mesma mão que me puxou mais cedo na escada. "Aonde você pensa que está indo?", ele me pergunta com uma voz sonolenta. Indago se realmente está acordado. Respondo para meu possível sonâmbulo: "Vou pegar um copo d'água. Volta a dormir, meu bem." Ele se recusa. Agarra-me sem esforço e é quando por fim desabafo: "Alê, acho que você tem que ir embora." Ele congela. Não entende por que o expulso repentinamente dessa forma. "Por quê?", pergunta-me com uma voz que parte meu coração. "Porque eu não posso ficar aqui esperando e pensando e indagando quando você vai me abandonar de novo. Isso está tirando meu sono, Alexandre." Não sei de onde brotou tamanha sinceridade, mas pronto, falei. Ele me fita procurando as palavras certas para responder às verdades que joguei em sua cara. "E se eu prometer não partir?" Não acredito, embora queira com todas as forças. "Palavras são fáceis. Seus atos falam mais alto." Ele para de me fitar e começa a procurar algo no quarto escuro. Acende a luz. "O que você está fazendo?" A essa altura ele já está com uma caneta escrevendo sabe deus o quê. Estou intrigada. Ele surte esse efeito em mim. Não é a primeira vez. Como sempre me surpreende. Dá-me o pedaço de papel, o primeiro que viu em seu caminho. Tem escrito no topo: contrato. Em letras de forma, me faz uma promessa com sua assinatura logo embaixo: Alexandre Souza da Silva. Sei que não é válido, mas seu gesto me comove. Roubo-lhe um beijo, porque não tenho palavras para descrever o quanto suas bobeiras me fazem feliz. Estou feliz e é ele o motivo. Ele sempre foi a razão do sorriso em meu rosto. Estamos juntos, enfim, até o contrato rasgar ou queimar como resultado de um desentendimento qualquer entre nós. Mas, deus, que nada parecido ocorra. Deveria colocar algo sobre isso no contrato também. :)

(continua)
posted by mente inconstante at 07:43

1 Comments:

Quero um final feliz quero que esse, sempre seja um realidade :)

22 de maio de 2011 às 23:25  

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