Apenas por pessoas de alma já formada

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Plena ciência

Sei que estou forçando a barreira que impusemos entre nós para não tocarmos em feridas que, por terem sido tão profundas, nunca irão cicatrizar. Tenho consciência de que nosso encontro não terminará bem se fizer o que já estou prestes a realizar, mas não evito, porque sei que o silêncio que preenche o espaço entre nós agora é nada mais que a vontade de cruzarmos a bendita barreira que reside entre nós. Que feio! Eu não consigo fazê-lo feliz e ao invés de me afastar, eu me aproximo e executo o que faço de melhor: magoo seu coração.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

João

Você me emprestou seu pé-de-feijão. Ofereceu-me um esconderijo longe do pesadelo que estava sendo meus dias e eu nunca agradeci o suficiente por isso. Seu pé-de-feijão era tão espaçoso! Pena não ter me abrigado por mais tempo. O encanto foi pequeno, não é, João? Preciso começar a plantar meus próprios pés. Não importa o quanto me custará regá-los. No final, valerão.
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Aeroporto

Lembro que sentaste ao meu lado naquele dia no aeroparque. Fingiu-se de amigo. Nunca fomos. Contou algum evento corriqueiro. Não ouvi. Acostumei-me a ignorar seus papos furados. Do que me importava agora saber sobre seu cotidiano? E tive vontade de chorar. Encostar minha cabeça em seu ombro. Contar-te sem receio de me expor todos os meus medos. Calo-me. Nunca fomos amigos a esse ponto. Olho para o relógio que já marca a hora de ir, ao mesmo tempo que ouço dizerem no speach que já estão prontos para o voo 1502. Que coincidência. Conhecemos muito bem esse número, não é, meu amigo? Daqueles tempos de viagens malucas que não eram nada mais que fugas. O relógio grita mais uma vez e mesmo ciente de que já é hora de partir, não é meu desejo, embora não exponha de forma alguma, pelo contrário. Calculo palavras, estudo reações, contenho as lágrimas. Por que diabos você me bloqueia tanto, afinal? Nunca tive coragem de te perguntar e parto mais uma vez carregando uma saudade fruta de um encontro frustrado. A despedida não chegou nem perto de como imaginei que seria, já que tudo o que você é capaz de dizer não significa absolutamente nada: "se cuida". Acho que nem isso saiu de sua boca. Eu já havia partido e um avião enfim decolou para longe dali.
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domingo, 14 de agosto de 2011

- Me namora?

- Ah, sim, mas com algumas condições. Não quero que teste seu poder de sedução com outras garotas, nem dê abertura para que elas achem que algo a mais pode ocorrer entre vocês. Tem que aprender a dizer: "não, obrigada, amo muito minha namorada, ela é tudo para mim e não consigo nem pensar no que seria de mim sem ela." Não me entenda mal. Não é que eu esteja te proibindo de olhar para outras mulheres. Você pode olhar para outras mulheres. Olhar não tira pedaço. Mas não me traía, porque é nesse instante que nosso contrato acaba.
- Vou ter que assinar contrato?
- Sim, um contrato silencioso de fidelidade a mim.
- Eu não sou ele.
- Ninguém é, mas qualquer um pode vir a ser.
Meu futuro namorado sorri:
- Tenho uma namorada neurótica.
Então, o contrato já foi selado:
- Sim, e ela é todinha sua.
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sábado, 6 de agosto de 2011

Erroneamente

Vago perdida, sem sair do lugar. Não há perigo, já que não chego a destino algum. No entanto, sinto saudade de um toque suave na pele. Quero mergulhar em um abraço aconchegante. Vou cometer um grande erro. Sinto que estou prestes a fazê-lo. Por pura carência retornarei ao ponto do qual fugi. E o resultado serão lágrimas. Mas esqueço dos cortes profundos que ele deixou em meu peito, porque preciso de um contato seguro. Então, ligo para ele. Mando mensagens. Mirabolo desculpas. Meu orgulho toma minhas atitudes como humilhação. Que seja. Necessito do calor de meu porto. Não abdico, por ora. E ele vem. O mais rápido possível. Agradeço mentalmente, embora não em voz alta. Desvio de seu olhar. Sou fria. Quero que leia meus pensamentos? Tenho medo. Das lágrimas, da coisa toda. Ele já me fez sofrer demais. Por isso sou grossa e por isso mesmo ele vai embora. Sinto um aperto no peito. Tenho vontade de gritar: "fica!". A palavra engata na boca. Acho que o quero de volta. Talvez seja apenas a carência falando mais alto. Ele não quer nada sério comigo. Só uma aventura. E eu? Já começo a ter minhas dúvidas.
posted by mente inconstante at 00:02 1 comments

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

17:00

Desculpa por ontem. Peguei pesado quando pedi para você ficar só porque eu não tinha nada melhor para fazer. A verdade é que eu queria que você ficasse porque eu estava com saudade. O dvd foi só uma desculpa a mais. A gente nunca vai se entender, não é? Foi o que constantei hoje. Nunca vai passar disso. De encontros no meio da tarde. Lamento muito por isso. E você se importa? Então, por que não me responde? Diz o que eu quero ouvir. Pede para tentarmos de novo. Ainda que o fracasso seja quase certo. Eu não entendo muito de sentimentos. Por que nos damos tão bem se não somos um para o outro? E meus desejos sempre voltam para você. Pior, fortes demais para quem merece tão pouco.
posted by mente inconstante at 04:36 3 comments