Apenas por pessoas de alma já formada

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Fim da noite

Ele me segue enquanto finjo estar chateada por suas palavras. Ele me chama por rapunzel. Não lhe jogo minhas tranças. Estou extasiada por nossa noite ter sido tão boa. Invento falsos aborrecimentos apenas para alongá-la. Paro subitamente. como se estivesse disposta a atender seus pedidos incessantes. Ando sedutoramente em sua direção e desprendo a gavata de seu pescoço. Coloco-a ao redor de seus olhos.
- O que você está fazendo?
- Você confia em mim?
Como nas cenas de cinema.
- Não.
Bem, quase.
posted by mente inconstante at 09:04 0 comments

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aquela menina

Eu a olhei. Parada, perto de meus olhos, mas tão distante de meu alcance. Ela me olhava com olhos de pena, olhos que há um segundo eu poderia jurar que eram alegres. Seus cabelos esvoaçantes, um sorriso esplendoroso no rosto, sem rugas, sem preocupação e com um ideal em mente que em mim já não existe há muito tempo.

Fecho os olhos, imagino o que aconteceu com o tempo que a cada dia pareceu mais veloz ficar. Dou uns passos para trás (há como andar para trás?) e sento na beira da cama. Abro os olhos e tomo um susto. Cadê aquela que eu estava a observar? Aquela imagem que me olhava com olhos de pena (eu agora também me vejo com olhos de pena, quando estou na frente do espelho, esqueci de lhe contar), onde ela está?

- Olá!

Dou um pulo na cama. Ela estava ao meu lado. Aquela que eu, um dia, já fora.

- O que aconteceu com a gente? - ela me pergunta.
- Oi? - eu pergunto, ainda assustada, "o que aconteceu?", eu enlouqueci talvez.
- Por que diabos nós ficamos assim tão perdidas?? - ela ainda me fazia perguntas.
- Eu? Perdida? Eu não estou perdida. Você está? Eu sei muito bem onde estou.
- Pois me esclareça. O que aconteceu com a gente??
- Por que você insiste em colocar um 'a gente' nesse olhar de espanto? Eu preferia seu olhar de pena.
- É que eu era tão feliz! E você...
- O que tem eu? Eu também estou feliz, ó... - dou um sorriso forçado.
- Você acha que me engana? Eu sou você, lembra? Ou você nem lembra o que nós fomos um dia? – ela parecia determinada a me arrasar. – Não há como enganar a nós mesmos.
- Talvez minha pele não seja a mesma ou minha visão esteja mais como antes, mas minha vida está muito bem, obrigada. – eu tentei inutilmente me defender.
- Não, não está. – ela rebateu.
- Que direito você tem de falar assim da minha vida? – eu estava indignada com o rumo daquela conversa. Quem ela pensava que era?
- É minha vida também, esqueceu? É o meu futuro.
- Olha, o tempo passa e as coisas mudam. É normal. É a ordem natural da vida.
- Quer dizer que você está satisfeita com o que nós somos hoje?
- Nós estamos vivas, não estamos?
- Se você chama isso de viver...
- Escuta aqui. Eu fiz o melhor que eu pude, está bem? O tempo passa mais rápido do que pensamos e é difícil lutar contra ele.
- Esquece. Você nunca vai reconhecer nada. Eu estou voltando para consertar tudo que você errou. Eu vou fazer valer a pena e não deixar nada para depois.
- Boa sorte. – eu disse incrédula, sem a esperança que me tinha sido roubada pelo tempo.
- Bom presente. – ela falou ironicamente e eu enfim acordeì ou será que continuei a dormir? e eu achando que vivia, meu mundo todo virou de cabeça para baixo desde que olhei aquela antiga fotografia, eu dormi.
posted by mente inconstante at 15:30 0 comments

domingo, 15 de janeiro de 2012

Distância

Não me diga como sou bonita, se não quer nada comigo. Não se aproxime demais, se não pode permitir que eu te toque. Deveria me afastar para evitar a fatal mágoa que nossa separação me causará? Sem dúvida, mas não possuo tal capacidade. Nunca consigo impor os limites necessários para nos manter suficientemente distantes, eis a verdade contida.
posted by mente inconstante at 23:41 1 comments

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Uma dor

Você voltou para ela e eu fiquei com um coração dilacerado em mãos. As malas se foram todas e tudo o que nós somos agora é passado. Os planos futuros estão nulos. Não há mais um bom dia sussurrado no pé do ouvido. Você era meu despertador favorito. Como posso me contentar com o toque irritante de meu celular? Confidencia-me, por favor, antes que o silêncio se torne também um vazio.
posted by mente inconstante at 12:22 2 comments

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Fim

Não quero soltar a corda que ainda me une a você. Receio. Se eu desatar os nós, você formará laços novos e eu cairei no vão desse esquecimento fatal. Não saberei mais voltar. Você é meu porto seguro e meu medo é enfim terminarmos. Perderemo-nos no escuro do fundo do quarto. Eu ainda estou na cama de mãos estendidas. Só você não vê.
posted by mente inconstante at 09:30 1 comments